Em Buenos Aires

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Uma "casa cor" à moda antiga

Sabe aquele passeio tão bonito, mas que é tão fácil e tão perto de casa que a gente nunca vai? No meu caso, este lugar é o Museu de Arte Decorativo. Nos últimos dois anos, passei em frente quase todos os dias, tirei fotos da fachada e fui ao restaurante que fica nos jardins, mas nunca entrei. Nunca, até ontem.

No meio da mudança, com a casa cheia de malas e tantas coisas pra fazer, resolvi finalmente visitar este museu junto com o Tomás. Ninguém acredita, mas é verdade que ele gosta de visitar museus. Ficou animado quando eu disse na saída da colônia de férias que íamos conhecer um novo. E ele achou que parecia um castelo. Parece mesmo!! As lareiras e chaminés também chamaram a atenção do Tomás, por causa da história dos três porquinhos que ele tanto gosta.

A casa, que pertenceu à família Errazuriz Alvear, foi construída no início do século passado e dá uma amostra do que foi Buenos Aires naquele tempo. Hoje, abriga uma grande coleção de móveis antigos, objetos de decoração e obras de arte. Vale a pena conhecer, principalmente, quem gosta de arquitetura e decoração.






quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Pra quem gosta de ciências e animais

 O Tomás adora dinossauros e animais pré-históricos, por isso sou meio repetitiva na temática. Sempre que encontro algum passeio que tem a ver com eles, procuro levá-lo.

Na cidade de La Plata - construída para ser a capital da província de Buenos Aires - tem um museu famoso de Ciências Naturais. E, outro dia, fomos nos aventurar por lá.

O museu tem mais de 100 anos, faz parte da Universidade de Nacional de La Plata e conta com um acervo de mais de 3 milhões de itens, embora apenas uma pequena parte deste esteja em exposição. As coleções são organizadas por áreas temáticas como geologia, zoologia, biologia, paleontologia e arqueologia.

A visita é como uma viagem no tempo, desde o surgimento do Universo até o aparecimento do homem. O ponto alto são os fósseis de animais que habitaram o sul do nosso continente, em lugares como os pampas argentinos e a Antártida, até 500 milhões de anos atrás. 

Um desses animais é o argentinossauro, cujos fósseis foram descobertos em 1989 na província argentina de Neuquém. É o maior animal terrestre já conhecido. 

O museu fica num lugar bonito chamado Paseo del Bosque e, ali ao lado, tem um zoológico. O edifício, em estilo neoclássico, é tão bonito que foi reconhecido como patrimônio histórico nacional.
Mas pra quem não quer ir até La Plata, dá pra ver o argentinossauro em Buenos Aires mesmo, no Museu Argentino de Ciências Naturais Bernardino Rivadavia, no bairro de Caballito. 

Assim como o de La Plata, lá também há fósseis, réplicas e exemplares de diversos outros animais e plantas, desde a pré-história aos dias atuais.      

Tomás escavando

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Um coração partido e mais um ciclo que se fecha

Hoje foi o último dia de aula do Tomás e amanhã será a festinha de encerramento. Eu já chorei na última reunião, na despedida das “maestras” e dos amiguinhos e amanhã vou derramar mais algumas lágrimas de emoção. Não tenho a menor vergonha de assumir que junto com o Tomás nasceu uma mãe e uma chorona.

Nestes últimos dias, eu vou revivendo alguns momentos, tentando guardar outros na memória e tentando prolongar outros ao máximo. O tempo passa muito rápido e, com filho pequeno e tantas mudanças de cidade e país, isso fica ainda mais claro. Os meus três últimos anos foram doces, doces... E é por isso, que o fim da escola mexe tanto comigo.

Não é só porque a gente vai embora da Argentina, vai começar outra vez em outra cidade, nem porque eu gostava tanto da escola. Mas porque é o fim de um ciclo e de um período muito gostoso da vida do meu filho. Quando chegamos aqui, ele era um bebê e agora já é quase um menino grande, como ele gosta de dizer.

Lembro da primeira vez que o deixei na escola. Ele ficou chorando. Tudo tão diferente das creches que estamos acostumados no Brasil, com outros hábitos e outra língua. Mas o deixei, mesmo me achando meio maluca. E hoje vejo que foi a melhor coisa que fiz.

Foram tantos lindos momentos. De levá-lo e buscá-lo, conversando e cantando pelo caminho, ouvindo as primeiras palavras em espanhol, depois as duas línguas cada vez mais misturadas e separadas. De festinhas, de passeios na praça depois da aula. De casas de amigos e amigos em casa.   

Tantas canções em espanhol que nunca aprendi a cantar direito, um “auto de papá” e “um chino capuchino”. Fizemos brigadeiro na escola e levamos pão de queijo. Aprendi que um pentagrama é “uma coisa de clave de sol”, que uma antologia “é um livros com cuentos e poesias” e que a Frida Khalo fazia auto-retrato.  

E um dia o Tomás chegou falando de um Gugaglim. Perguntei quem era e descobri que é um senhor que fez uma pintura chamado o beijo. Eu adoro Gustav Klimt e fiquei encantada. Uma escola que ensina Gustav Klimt e Frida Khalo é mesmo pra me fazer chorar.

Então aguenta coração, porque amanhã tem mais emoções. 

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Crescendo em duas (ou mais) línguas

Eu confesso que já me recomendaram várias leituras sobre crianças bilíngues e nunca parei pra ler com calma ou realmente pensar sobre isto. Sempre achei que seria bom para o Tomás aprender dois idiomas ao mesmo tempo.

Do pouco que tive conhecimento, crianças bilíngues demoram um pouco mais a falar. Outro dia, conheci uma especialista em linguística e mãe de criança bilíngue que me confirmou esta informação, mas achou que o Tomás fugia um pouco à regra. Porque ele fala muito e bem tanto em português como em espanhol.

Apesar do contato com os dois idiomas, o Tomás começou a falar cedo, mas misturava muito. Formulava frases como "eu quero jugo" ou "no me gusta este brinquedo". Com o tempo, aprendeu a diferenciar e até traduzir, embora ainda solte um "está caliente" de vez em quando. E aqui em casa biscoito sempre foi galletita e sobremesa, postre.

Das coisas mais lindas que já ouvi na minha vida é o Tomás me chamar de mamita. Embora também diga mamãe e mãe. Também adoro escutá-lo dizer "yo solito", quando quer fazer alguma coisa sozinho.

Cada vez mais, ele está aprendendo a diferenciar e só fala português comigo e com o pai (e quando está no Brasil ou com amigos nossos brasileiros, claro). Ele até me ajuda com o espanhol. Quando não sei uma palavra pergunto pra ele. Acho que ele pensa mais em espanhol, porque é a língua escolhida para falar sozinho e nas brincadeiras. Mas é normal, afinal, a maior parte do mundo dele -escola, amigos, televisão -, é em espanhol.

Só que agora apareceu o inglês. O Tomás tem aula de inglês todos os dias na escola e como já entende há algum tempo que existem diferentes idiomas, tem muita curiosidade. Chega da escola e me pergunta "how are you today?", conta e fala as cores em inglês (já fazia antes porque eu ensinei) e o tempo todo quer saber como é tal palavra em inglês. Pede para ver os desenhos em inglês e inventa palavras também. No dia do aniversário, pediu parabéns em inglês.

Minha mãe diz que ele vai ficar confuso com tanta informação, mas eu acho que ele é privilegiado. E nós também que estamos proporcionando o aprendizado sem arcar com o custo de uma escola bilíngue.

No próximo ano, voltamos ao Brasil e é bem possível que ele esqueça o espanhol, porque terá apenas quatro anos. Mas eu pretendo me esforçar para que isso não aconteça. Talvez seja a hora de ler e pesquisar sobre o assunto. De qualquer forma, acho que a semente está plantada e, no mínimo, ele terá facilidade para aprender idiomas no futuro. Tomara que sim.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Museu argentino é dedicado ao fantoche

Em Buenos Aires, tem museus pra todos os gostos. Desde os mais convencionais de arte a museus modernos e interativos, além de muitos temáticos - dedicados por exemplo ao cinema, à literatura, arquitetura, tango, futebol.

Há alguns dias, visitamos um que ainda não conhecíamos. O Museu Argentino del Títere ou do fantoche. O lugar é bem interessante, com mais de 600 fantoches de diferentes épocas e países do mundo. Nos fins de semana, também oferece apresentação de fantoches.

Assistimos a história de um pirata que chega para roubar as riquezas dos índios. Ao contrário do que aconteceu na vida real, a história tem um final feliz e os índios são os vencedores.

A apresentação me trouxe boas lembranças da minha infância. No Ceará, há (ou pelo menos havia) uma forte cultura de teatro de fantoches. Por isso, tem até uma expressão muito popular (usada com os mais variados sentidos) que é "botar boneco".

Eu não diria que vale a pena se deslocar de outra parte da cidade só para visitar o museu, pois, apesar de ser interessante, é pequeno. Mas fica bem perto da Feira de Antiguidades de San Telmo, parada quase obrigatória de quem visita Buenos Aires. Então, por que não dar uma passada ali depois da feira?Principalmente, pra quem admira a arte ou viaja com criança.

A entrada é gratuita, o ingresso só é cobrado para as apresentações.


quinta-feira, 25 de abril de 2013

Comemorando os três anos do Tomás

A comemoração dos três anos do Tomás não foi em Buenos Aires, mas em Fortaleza, onde vive minha família e muitos amigos. E para marcar uma data tão especial (a primeira vez que festejamos o aniversário do Tomás lá) decidimos fazer uma festinha bem a cara dele. Ao ar livre, com piquenique, brincadeiras e contação de histórias; tudo que ele gosta.

O tema escolhido foi a história dos três porquinhos, que o Tomás adora e pede pra ouvir todas as noites antes de dormir. Ele ficou fascinado ao ver as casinhas de palha, madeira e tijolo, os cartazes do lobo sendo procurado, os amiguinhos com chapéu e nariz de porquinho.

A ideia era uma comemoração descontraída e que pais e crianças pudessem aproveitar juntos. Acho que conseguimos. Na hora da contação de histórias, o grupo Encantos conseguiu prender até a atenção dos adultos. Quando contaram a história dos porquinhos, o Tomás gritou animado: esta é a historinha que o papai e a mamãe contam.

Um dos programas preferidos do Tomás é fazer piquenique. Ele adorou sentar nas toalhas no chão e brincar com as cestas de frutas. Mas quando viu a cestinha disse: esta não é do porquinho, é da vovó da chapeuzinho. Depois encontrou uma maçã da branca de neve.

Quando terminamos de cantar os parabéns, o Tomás pediu: agora em inglês. Eu não me perdoo por não ter filmado este momento. Todos cantaram à pedido dele happy birthday to you (preciso escrever um posto sobre criança bilíngue, ou melhor, quase trilíngue). A lembrancinha foi uma caixa com dedoches ou títeres de dedo, como o Tomás fala em espanhol, dos porquinhos e do lobo.

O local escolhido foi o jardim da Casa José de Alencar, onde nasceu o escritor e é umas das atrações turísticas de Fortaleza. O lugar é lindo, com muitas árvores e espaço para as crianças.

Para montar uma festa com a cara do Tomás e à distância, eu contei com a ajuda da empresa Dona Coruja, cuja proposta é exatamente organizar festas voltadas mais para o lúdico e menos para o consumo. A escolha não poderia ser melhor. Eles conseguiram colocar em prática (e até superar) tudo que pensei.

Fiquei tão feliz, que até parecia criança, por isso decidi compartilhar com vocês.








 

sexta-feira, 22 de março de 2013

Sem fralda e com muita atitude

Como sempre, quem decide é ele. Quando eu penso em ir, o Tomás já está voltando. E assim foi com a fralda.

No ano passado, comecei a incentivá-lo a usar ao banheiro, deixá-lo mais tempo em casa sem fralda. Ele estava quase chegando lá, mas a gente viajou de férias, depois de recesso, mudamos toda a rotina. Entre indas e vindas, foram quase dois meses fora. E na volta, ele não queria ficar sem fralda.

A minha inexperiência começou a me deixar angustiada. Sabia que era cedo, não podia forçá-lo, mas o frio estava chegando e seria muito mais complicado. Comecei tudo de novo, tentei motivá-lo com cuecas novas, livrinhos e um quadro para colar estrelinhas cada vez que fosse ao banheiro.

A estratégia funcionou, mas começaram as aulas, com sala nova, professoras e amiguinhos novos e eu achei que precisava dar um tempo, para não fazê-lo passar por mais de uma mudança de um só vez (e ele já passou por tantas!). Continuei em casa, meio como uma brincadeira e não avisei nada na escola. Até que a professora me chamou e falou: o Tomás pediu várias vezes para ir ao banheiro hoje e disse que não vai mais usar fralda.

Ele decidiu que era hora e era hora. No dia seguinte, foi pra escola sem fralda, passou o dia todo e não precisou trocar de roupa nenhuma vez. E no outro dia também e assim por diante.

Foi muito, mas muito mais fácil do que eu pensava. Se tem uma característica que é marcante na personalidade do Tomás é a decisão. Quando ele quer, quer, quando não quer, é difícil fazê-lo mudar de ideia. Dizem que os taurinos são teimosos e ele me faz acreditar nisso.

Agora decidiu que não leva mais a chupeta pra escola. Dorme lá depois do almoço sem chupeta. E olhem que ele é muito viciado na chupeta. Mas agora só para dormir e em casa. Pelo visto, também vai ser mais fácil superar esta etapa do que eu pensei. É só esperar que ele decida quando vai ser.